Aprendendo com experiências de pessoas LGBTI+ durante a Covid-19 em SP e RJ

Recomendações para profissionais, gestoras e gestores públicos e da sociedade civil para estratégias mais inclusivas e protetivas.

Luan Cassal, Billy Tusker Haworth e Tiago de Paula Muniz

Resumo

Esse relatório discute experiências de pessoas da população LGBTI+ (lésbicas, gay, bissexuais, travestis, transexuais, trans, intersexo e outras identidades sexuais e de gênero) durante a pandemia de Covid-19 em 2020. Além de ser historicamente atingida por violência, preconceito e discriminação, essa população também sofre de maneira desigual os efeitos da crise sanitária.

O grupo entrevistado, baseado em São Paulo e no Rio de Janeiro, relatou experiências de isolamento e sofrimento, restrições no acesso à saúde e ao trabalho e renda, e carência de respostas governamentais. Indicaram, por vezes, contradições na proteção contra a Covid-19, e desconhecimento de políticas públicas específicas. Entretanto, essas pessoas adotaram avaliações de risco sobre o contágio, acionaram organizações, redes e grupos de suporte da sociedade civil, e criaram rotinas para lidar com o isolamento.

Recomendamos priorizar o acesso de grupos vulnerabilizados a políticas públicas, planejadas de forma inclusiva e intersetorial, enquanto centros de referência e cidadania LGBTI+ precisam ser fortalecidos, ampliados e divulgados. Movimentos sociais e organizações da sociedade civil podem pautar, pressionar e fiscalizar as ações do poder e produzir localmente informações sobre práticas seguras e protocolos de redução de danos.

Esse relatório:

  • Discute desafios e dificuldades vividas por pessoas da população LGBTI+ durante a pandemia de Covid-19 no Rio de Janeiro e em São Paulo;
  • Identifica estratégias pessoais para redução de riscos de infecção, enfrentamento ao isolamento e cuidado em saúde;
  • Destaca desigualdades na comunidade LGBTI+, mas também o reconhecimento da diversidade e práticas de solidariedade;
  • Apresenta recomendações para políticas públicas inclusivas e intersetoriais, destacando a importância de centros de referência e cidadania LGBTI+ e o papel estratégico dos movimentos sociais e organizações da sociedade civil.